Mandragora: Metroidvania e Soulslike na dose certa
Eu não gosto dessa sopa de letrinhas gamers no título desta análise, mas no caso de Mandragora: Whispers of the Witch Tree, devo admitir que é um bom resumo do que você vai encontrar neste jogo indie que combina elementos de dois ‘subgêneros’ muito populares. Mangradora traz elementos de games Metroidvania e Soulslike na dose certa – e nem são os elementos que costumam vir à nossa mente, quando falamos de games ao estilo ‘souls’.
Recebi uns dias atrás uma cópia de Mandragora: Whispers of the Witch Tree para review, cortesia do Primal Game Studio e da distribuidora Knights Peak. Sei que o jogo já saiu faz um tempinho (foi um dos destaques do Future Games Show em março!) mas demorei para decidir me arriscar em suas masmorras, porque embora eu goste bastante de jogos Soulslike, Whispers of the Witch Tree é muito mais um Metroidvania, gênero que eu tenho uma certa dificuldade em me envolver. Adorado por muitos, os jogos desse tipo são, geralmente, games de ação e plataforma com progressão lateral, nos quais você vai e volta por mapas labirínticos, conforme descola itens que permitem avançar por áreas que no começo, são inacessíveis. O nome vem de Metroid e Castlevania (especificamente Symphony of the Night, no caso da série de caçadores de vampiros da Konami), franquias clássicas de ação 2D que exploraram inicialmente esses elementos.
Meu ponto é que eu costumo me perder nesses jogos, encalhar em algum canto e não conseguir avançar, e acabo perdendo o interesse. Por isso, muitas vezes eu nem tento começar. Tinha assumido muito que “Metroidvania não era para mim“. Bom, isso mudou com Mandragora: o jogo do estúdio independente Primal Game Studio combina elementos de Metroidvania e Soulslike na dose certa para iniciantes e, junto com uma direção de arte primorosa e uma boa história, além da dificuldade que pode ser ajustada de diversas maneiras, não só capturou minha atenção como também despertou um interesse em me arriscar mais a fundo nesse tipo de jogo e quem sabe, superar de vez esse preconceito pessoal.
Dá uma olhada no trailer de Mandragora antes da gente continuar:
Metroidvania e Soulslike
Mandragora é descrito como um RPG de ação e fantasia sombria em um mundo decadente cheio de segredos e perigos. Nele, você cria seu personagem escolhendo entre seis classes distintas, várias opções estéticas e depois, pode aprimorá-las como preferir. Dá para fabricar e equipar várias armas diferentes, usar itens especiais e aprender magias, desenvolvendo uma ‘build’ que combine melhor com o seu estilo de jogo para encarar as mais de 60 missões que o jogo oferece.
O mundo sombrio de Mandragora é Faelduum, um reino de fantasia medieval que está ali, na beira da ruína, invadido por forças sombrias da Entropia e você é o Inquisidor que vai dar um chega para lá nesses monstros e demônios. O que a história não tem de original, tem de bem contada. Todos os NPCs de Mandrágora são muito bem dublados (em inglês) e contam com belos retratos para representá-los nos diálogos com o protagonista. Isso traz uma dose bem vinda de imersão à narrativa. E se o inglês é um obstáculo para você, não se preocupe: Mandragora conta com legendas em português brasileiro.

Você vai passar por cerca de 75 locações diferentes, enfrentando monstros bem variados, desde grupos de bandidos que combinam habilidades para desafiar seus reflexos, até enormes dragões e demônios poderosos. Ao longo do caminho, o Inquisidor também vai encontrar vendedores, camponeses precisando de ajuda e outros personagens que se tornarão aliados importantes – esses últimos, acabam se instalando na Witch Tree, a base do personagem do jogador, onde fazem às vezes de comerciantes e também ajudam a aprimorar suas habilidades, ensinam magias, melhoram armas e armaduras e assim por diante.
Esses elementos, da construção e evolução livre de personagem até a base com personagens que são adicionados ao jogo, são algumas das mecânicas de Soulslike que Mandragora utiliza melhor. O combate em si é simples, com ataques, magias e esquivas precisas, mas exige atenção e habilidade do jogador para evitar a morte certa, principalmente contra bandos de inimigos variados ou chefões mais parrudos. Se estiver sofrendo com eles, você pode ajustar a dificuldade e aí o pessoal do Primal Game Studio fez algo muito bacana: é possível ajustar de forma independente cada desafio, tornando o jogo mais focado na exploração, por exemplo, ou seu combate mais impiedoso. Dessa forma, a aventura é menos frustrante para quem não está acostumado com Metroidvania e Soulslike. Você pode deixar o jogo na dose certa para sua habilidade e depois ir aumentando o desafio conforme desejar.
Comparado com outros Metroidvania que já joguei, Mandragora: Whispers of the Witch Tree é relativamente mais linear, ou ao menos me passou essa impressão. Talvez seja a forma como o jogo é planejado, tanto na progressão por suas fases quanto pela narrativa que deixa claro o que estou buscando em cada momento, mas não me senti tão perdido nesta aventura quanto em outras que tentei desbravar no passado. O fato do game não abraçar elementos de jogos Roguelike também ajudou! E olha que tem bastante coisa para explorar, ferramentas de navegação que você desbloqueia e te fazem voltar lá atrás para pegar novos tesouros e assim por diante. Enfim, tudo o que os fãs de Metroidvania adoram. Há um gancho para alcançar áreas distantes, um pulo duplo e um pancadão para abrir passagens subterrâneas, por exemplo.
Aventura para iniciantes

Não espere um Metroidvania e Soulslike complexo: O que Mandragora faz de melhor, e talvez por isso me cativou tanto, é ser um ótimo jogo para iniciantes em ambos os gêneros. O game não tenta ser misterioso ou implacável, e com sua narrativa bem contada, arte de encher os olhos e uma boa mistura de combate e exploração, entrega uma dose equilibrada de diversão ao longo de suas 20 e poucas horas de duração.
Mandragora: Whispers of the Witch Tree está disponível para PC (via Epic Games Store, GOG e Steam), Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X/S. Eu joguei este mix de Metroidvania e Soulslike no Xbox Series X, e agora estou pensando em qual será o próximo jogo do gênero que vou experimentar. Aceito sugestões aqui nos comentários!
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